Quase 20% dos alunos não quer colega de classe gay ou trans
Marcelle Souza
Publicado pelo portal UOL, em 15 de fevereiro de 2016
Um estudo realizado em vários Estados do país mostra que a homofobia é um dos principais preconceitos na escola. Segundo a pesquisa “Juventudes na Escola, Sentidos e Buscas: Por que frequentam?”, 19,3% dos alunos de escola pública não gostariam de ter um colega de classe travesti, homossexual, transexual ou transgênero.
O número, segundo a coordenadora da pesquisa, é alto e não diminuiu nos últimos anos. “O que percebemos é que esse número é tão alto quanto na primeira pesquisa, ‘Juventude e Sexualidade’ [de 2004]”, diz a socióloga.
O estudo ouviu 8.283 estudantes na faixa de 15 a 29 anos no ano letivo de 2013. Entre os entrevistados, 7,1% não queria ter travestis como colegas de classe. Homossexuais (5,3%), transexuais (4,4%) e transgêneros (2,5%) também aparecem na lista dos rejeitados por parte dos jovens ouvidos na pesquisa. O grupo só fica atrás de bagunceiros (41,4%) e ‘puxa-saco’ dos professores (27,8%).
Quando comparadas as respostas de homens e mulheres, os primeiros têm mais preconceito contra travestis, homossexuais, transexuais e transgêneros. Elas, por exemplo, preferem ter travestis em sala de aula do que egressos de unidades prisionais. Entre os homens esse número se inverte: rejeitam mais colegas travestis (11,2%) do que ex-presidiários (4,4%).
“Isso aparece de forma de muito contundente e a escola não sabe tratar. Muitas vezes a escola nem fica sabendo, eles nem se queixam, não têm onde se queixar. E todas essas questões prejudicam aprendizagem, prejudicam os alunos”, afirma a socióloga.
A pesquisa também mostra que 52,5% dos jovens ouvidos são contra o casamento de pessoas do mesmo sexo. “Todas as questões que envolvem drogas, pena de morte, relacionadas à maioridade penal, em todos esses temas os meninos são muito mais conservadores”, afirma Abramovay.
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