“Braços Que Se Abraçam” é um projeto social conduzido pelo grupo Famílias pela Diversidade, coletivo de ativistas que completa um mês de existência no dia 15 de dezembro. Sua próxima edição acontece neste domingo, 18, no Alto Santa Cruz, em Salvador, com um diferencial: ele terá o apoio da Base Comunitária de Segurança do bairro, comandada pela capitã da Policia Militar Sheila Barbosa. Com isso, o evento ganha um importante reforço na promoção da diversidade sexual e no combate à intolerância. A atividade ocorrerá no Colégio Estadual General Dionísio Cerqueira, na Rua do Futuro, das 9h às 13h.
Com o tema “Vamos falar sobre diversidade sexual?”, o objetivo do evento é conversar com a comunidade local esclarecendo dúvidas sobre sexualidade, além de promover o combate a LGBTfobia. De acordo com dados do Grupo Gay da Bahia (GGB), só em 2015 foram registradas 319 mortes em todo país. Até o último dia 13 de dezembro, o GGB já contabilizava 309 mortes, no Brasil. Destes, 31 ocorreram na Bahia, o segundo Estado que mais mata pessoas LGBT, perdendo apenas para São Paulo, que já tem 46 mortos. O Rio de Janeiro vem em terceiro lugar, com 28 mortes até o momento. Ainda segundo a entidade, entre as 309 vítimas contabilizadas até o momento, há 150 gays, 76 travestis, 50 mulheres transexuais, 12 homens transexuais, 8 lésbicas, 3 bissexuais e 10 heterossexuais que foram confundidos com pessoas LGBTs. São 86 mortes por tiros, 78 por facadas, 37 por asfixia, além de 24 espancamentos, entre outros motivos contra a população LGBT.
Para tentar diminuir esses índices, o grupo Famílias pela Diversidade, que é formado por pais, mães, amigos e pessoas LGBTs, quer conscientizar e esclarecer a população sobre sexualidade, por meio de palestras e rodas de conversa com toda a comunidade dos bairros. Para Inês Silva, coordenadora nacional do Famílias pela Diversidade, “a parceria com a Polícia Militar da Bahia é importantíssima para a desconstrução de preconceito não apenas nas comunidades locais, mas também entre policiais que estão na rua e que trabalham diretamente com a população LGBT mais vulnerável, que são as travestis. Dessa forma, esses policiais vão entender como vive essa população e conhecer um pouco mais sobre identidade de gênero”. Já a capitã Sheila Barbosa, comandante da Base Comunitária de Segurança do Bairro da Santa Cruz, destaca que “um dos principais objetivos da parceria é levar aos familiares uma conscientização para que eles possam aceitar seus filhos e não abandoná-los à própria sorte, como muitos que estão no bairro da Santa Cruz”. Esse abandono muitas vezes leva ao suicídio. Já são 19 mortes do tipo em todo país decorrente da não aceitação dos pais e familiares, o que o coloca como o quinto motivo em causa de morte da pessoa LGBT.
O coletivo Famílias pela Diversidade nasceu há um mês, no dia 15 de novembro, mas é composto por pessoas que estão juntas na estrada do ativismo LGBT há cerca de 2 anos, na Bahia e em outros Estados. O grupo é suprapartidário, derivado da organização espontânea de membros da sociedade civil e pretende lutar pelo reconhecimento, visibilidade e respeito dos direitos da comunidade LGBT e de seus familiares. Trata-se de um grupo fundado pelo amor, pelo dever de cuidado e luta política em prol dos direitos desse segmento da população. Nele, o lugar de fala dos indivíduos é respeitado, bem como se reconhece a importância e legitimidade dos relatos, com o compromisso de integração entre seus componentes de uma forma sempre horizontal e inclusiva.
Ainda nos próximos dias, o grupo também estará presente em dois eventos que compõem as “Jornadas sobre Juventude, HIV/AIDS e Direitos Humanos – Respostas sociais frente às vulnerabilidades”, organizadas pelo GAPA Bahia, com apoio da Fundação Visconde de Cairu, UNAIDS, Prefeitura de Salvador, entre outros, e que acontece na sede da Fundação, na Rua do Salete, 50, Barris, em Salvador. O primeiro deles é o “Bate-Papo Famílias pela Diversidade: meu filho/minha filha é LGBT. E agora?”, na quarta-feira (14), das 14h às 17h. O segundo é a “Roda de Conversa: Compartilhamento das boas práticas nas estratégias comunitárias no Brasil, que envolvam os jovens na resposta à saúde e direitos”, na quinta-feira (15), às 9h30.
Apenas nesse primeiro mês de existência, o grupo já esteve presente em eventos importantes como: Reunião Técnica sobre Saúde da População LGBT no Município de Salvador – Gestão Participativa (organizado pela Coordenadoria de Atenção Primária à Saúde, no Campo Temático Saúde da População LGBT, da Secretaria Municipal de Saúde do Salvador); No direito de ser trans – Uma abordagem sobre Direito Civil, Penal, Trabalhista e a saúde de transexuais (evento gratuito realizado pela Comissão da Diversidade Sexual e Combate à Homofobia da OAB/BA); V CONGRAD: Gênero/Sexo: Diversidade e Políticas Públicas (organizado pela Universidade Estácio de Sá, Faculdade Integrada da Bahia); Tornando-se Pret@: Psicologia e Questões Étnicas, Religiosidade, Sexualidade e Direitos Humanos (organizado por alunos do curso de Psicologia da FTC); Roda de conversa sobre a saúde integral da população LGBT (também promovido pelo Campo Temático LGBT da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador); e Casulo 2016 – Encontro de Design da UNEB (organizado pela UNEB, com o tema “Design, nonsense e diversidade ou Hardy Har Har era transgênero?”).
Quer conhecer melhor o coletivo Famílias pela Diversidade? Clique nos links a seguir e acesse o grupo aberto no Facebook, a página na mesma rede social, o Instagram (@familiaspeladiversidade) ou mande uma mensagem para o email familiaspeladiversidade@gmail.com.
•••
CLIQUE AQUI E CONHEÇA A PÁGINA DO CLIPPING LGBT NO FACEBOOK.