16 de outubro de 2024

Agressora chegou a falar que era de ‘família tradicional’ e que ‘os valores estão sendo invertidos’. Casal disse que teve que fazer cinco chamadas ao 190 da PM até ser atendido.

Publicado pelo portal g1, em 06/02/2024.

Redes sociais / Reprodução

Um dos jovens que sofreu homofobia no sábado (3) em uma padaria em Santa Cecília, no Centro de São Paulo, contou ao g1 que, além dos xingamentos, também foi agredido fisicamente e ficou com o nariz sangrando. “É um recado terrível para a sociedade de modo geral, para quem diz que homofobia é mimimi, para quem gosta de fingir que não existe. Eu saí de uma padaria com nariz sangrando por algo que existe, mata, agride, ofende, que é uma parada animalesca, desumana”, afirmou o jornalista Rafael Gonzaga.

Rafael foi com o namorado à padaria Iracema por volta das 4h, após um evento. Quando parou para comer, começaram as agressões. “Ela foi para cima do meu namorado quando viu que ele estava filmando. Entrei no meio, outros funcionários foram tb para puxar ela. Nessa hora ela cortou o nariz dele [namorado] e arranhou embaixo do olho”.

O jornalista afirma que tiveram que realizar ao menos cinco chamadas ao 190, da Polícia Militar, até conseguirem ser atendidos. Rafael ligou para a polícia pela primeira vez por volta de 4h40, mas só apareceu uma viatura no local 5h30. Ainda segundo Rafael, mesmo com a chegada da polícia, os agentes informaram que não poderiam prender a agressora em flagrante porque não presenciaram a ação. “Eles falaram que quando chegaram já não tinha mais confusão então não podiam dar flagrante. Que flagrante seria só se eles vissem a agressão.”

Ainda segundo o jovem, houve negligência da polícia e os agentes tentaram diminuir a gravidade do caso. “Quer ela queira ou não, existem leis, existe Justiça, a gente não vive na barbárie. Eu não vou aceitar ser tratado como um cidadão que vale menos, ela vai pagar no rigor da lei em todas as esferas que forem possíveis porque eu vou atrás de Justiça sim”, completou.

Questionado pelo g1 sobre a demora pelo atendimento do caso, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que “a Delegacia de Repressão aos Crimes Raciais contra a Diversidade Sexual e de Gênero e outros Delitos de Intolerância (Decradi) apura o caso, registrado como preconceitos de raça ou de cor (injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional) e lesão corporal”. A reportagem também questionou a SSP sobre a suposta negligência no atendimento, mas a pasta manteve o posicionamento.

“Família tradicional”

No vídeo gravado pela vítima, a agressora chegou a dizer que “os valores estão sendo invertidos”. “Eu sou de família tradicional e tenho educação, diferente dessa porra” (veja o vídeo aqui). Depois, a mulher foi contida e passou a agredir as vítimas com termos homofóbicos, como “veados”. Em determinado momento, a agressora atirou um cone contra os dois. A confusão continuou e foi parcialmente filmada.

O vídeo também mostra que a mulher xingou outras pessoas que estavam na padaria e chegou a falar que “era de família tradicional” e que “teve educação”. “Sou mais mulher do que você. Eu sou mais macho que você”, diz. “Tirei sangue seu, foi pouco”, fala, na sequência. “E os valores estão sendo invertidos. Eu sou de família tradicional. Eu tenho educação. Diferença dessa por** aí.”

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