Publicado no Terra, em 17 de dezembro de 2013
Na ação, além de uma indenização por quase dois anos de bullying, família da menina exige reforma no sistema escolar do distrito para que outros não passem pelo mesmo sofrimento
Desde o primeiro dia de aula na escola Magnolia Junior High, em Moss Point, Mississipi, em 2011, a estudante Destin Holmes, hoje com 17 anos, sofria com o bullying vindo de colegas. Ela os ouvia sussurrar, se perguntando se a nova aluna seria um menino ou uma menina. Mas o pior, de acordo com um processo federal movido pela família da garota (que exige, além de indenização, uma reforma no distrito escolar), foi quando os professores também passaram a discriminá-la.
Ao The Huffington Post, Holmes, que é lésbica assumida e não se veste como a maioria das outras garotas da sua escola, disse que era constantemente chamada de “it” (“isso”), pronome neutro que serve tanto para indicar algo masculino quanto feminino.
A menina coleciona histórias de preconceito. Certa vez, um dos professores a fez usar o banheiro masculino. Em outra oportunidade, um docente a impediu de participar de uma sessão de jogos na aula de matemática, pois a turma seria dividida entre meninos e meninas e ela não se enquadrava em nenhuma das duas “categorias” – o professor queria que ela sentasse no meio da classe. “Chorei durante essa aula”, lembra Holmes em entrevista ao jornal. “Eu me perguntava por que um professor profissional fazia isso com um aluno? Eu ainda sou um ser humano. Eu não sou uma alienígena!”.
A tentativa de buscar ajuda na direção também não deu em nada. Ela chegou a ser chamada de “idiota patética” pelo diretor, que teria dito, de acordo com o processo, que não queria “uma lésbica em sua escola”.
Quando o nível de agressões atingiu o insuportável e a garota já não conseguia mais se concentrar em aula, atingida que era por bolas de papel, canetas quebradas, borrachas e outros objetos, a família decidiu que era hora de acabar com o sofrimento da menina, e resolveu ingressar com uma ação judicial.
No processo, escola, superintendência e conselho escolar são acusados de assediar moralmente a garota por causa de sua orientação sexual. Para a família de Holmes, essa não é apenas uma ação para melhorar a vida da menina no colégio, mas para tentar mudar uma cultura de preconceitos que existe no sistema colegial. Assim, além de pedir uma indenização, a ação também pede uma série de reformas no distrito escolar.
“Eu quero ser tratada como todas as outras crianças da escola. Eu vou para a escola para receber educação, não para sofrer bullying”, completa a garota.