Pesquisa realizada nos EUA apurou que 33% dos jovens que abandonaram igrejas o fizeram por não aceitar a intolerância a gays
Por Marcio Caparica
Publicado no site Lado BI, em 27 de fevereiro de 2014
Os pastores norte-americanos já estão ficando preocupados, e provavelmente os brasileiros vão ter razões para perder o sono também. Uma pesquisa divulgada na última quarta-feira revelou que um terço dos jovens entre 18 e 34 anos nos Estados Unidos não se associam a nenhuma igreja ou grupo religioso. A razão para isso? Para muitos, o discurso intolerante dos líderes dessas instituições.
A pesquisa foi realizada pelo Public Religion Research Institute (PRRI, Instituto Público de Pesquisa de Religião), que entrevistou 4500 pessoas entre 12 de novembro e 18 de dezembro do ano passado. As perguntas eram ligadas a tópicos LGBT, como opiniões sobre legislação para casamento LGBT, medidas ligadas a HIV/AIDS, e o papel da religião sobre os direitos de homossexuais.
Pesquisas recentes descobriram que um em cada cinco adultos dos Estados Unidos não se considera parte de qualquer igreja. Entre a chamada Geração Y, esses números sobem para 33%. A pesquisa da PRRI constatou que um terço dos jovens que abandonaram a igreja dentro da qual haviam crescido declararam que a razão para isso eram os “ensinamentos negativos” ou o “tratamento negativo” relacionados a gays e lésbicas. Mais especificamente, 17% deles afirmou que a negatividade com relação a homossexuais era “importante” para abandonarem a instituição, e 14% afirmou que isso era “muito importante”.
Nos EUA, 58% da população considera que os grupos religiosos estão afastando os jovens por serem preconceituosos com relação às questões LGBT. Entre os jovens, a proporção sobe para 70%.
“Muitas igrejas e pastores estão deixando de lado sua oposição aos direitos LGBT nos últimos dez anos, e esta pesquisa oferece indícios ainda maiores de que o discurso negativo sobre essas questões estão prejudicando a habilidade das igrejas de atrair e reter jovens fiéis”, declarou Robert P. Jones, CEO do PRRI.
A pesquisa também constatou que mesmo entre os jovens conservadores o casamento homoafetivo tem altas taxas de aprovação: 50%.
Por lá, os líderes religiosos já estão admitindo que vão perder essa batalha, apesar de se ressentirem disso. Por aqui, nossos padres e pastores estão tentando aumentar ainda mais a pressão na tentativa de impedir que a população brasileira acompanhe as tendências do resto do mundo ocidental. Também há de ser uma batalha inglória, se deus quiser.