5 de novembro de 2024
aids8

Por Diego Callisto*

Publicado pela Agência de Notícias da Aids

aids8A 20ª Conferência Internacional de Aids de 2014 foi marcada por muita interlocução e diálogo entre ativistas, pesquisadores, profissionais e pessoas que trabalham com questões relacionadas ao enfrentamento da aids, à luta contra o preconceito e o estigma que as pessoas que vivem com HIV vivem. O Brasil foi pioneiro na resposta à aids e, recentemente, tem notado um aumento nas infecções entre homens gays jovens e outros homens que fazem sexo com homens (HSH), principalmente entre o público jovem de 15 a 24 anos.

Este dado da aids remete a algo que eu, como jovem, já percebia desde 2012. Estamos enfrentamento um cenário de juvenização da doença. Acredito que é preciso uma ação conjunta dos governos em todos os níveis, da sociedade civil e das agências da ONU no sentido de buscarem novos caminhos para obter informações e estratégias em relação ao tratamento a fim de salvar a vida de uma nova geração que não se percebe em maior risco de se infectar.

A Conferência Internacional de Aids serviu de molde para entendermos melhor algumas questões relacionadas à prevalência do HIV no público jovem, a formas e estratégias de produzir campanhas de conscientização focadas em prevenção para a juventude. Principalmente, o evento botou uma luz nas tecnologias de informação, mostrando como utilizá-las em comunicação para acessar e alcançar a juventude.

Tive a oportunidade de participar de paineis ricos de informações relacionadas a esse tema. Soube que já há aplicativos e games para redes sociais e smartphones voltados para trabalhar prevenção e conscientização. Essas ferramentas tratam de saúde sexual e reprodutiva, por exemplo, dentro de uma perspectiva de educação associada ao público jovem, com a linguagem deles.

Com relação à assistência a adolescentes e jovens que já vivem com HIV, o mais importante foi o retorno da agenda global para questões voltadas para a aids pediátrica e para adolescentes e jovens, no sentido de fornecer atenção e o aporte necessário para garantir que essas pessoas vivam com mais qualidade. Senso público mais afetado ou não, é um recorte da população que merece cuidado e isso ficou bem nítido nos paineis e plenárias dessa conferência. 

Portanto, acredito que o momento pós retorno da conferência será de alinhavar ações e retomar diálogos voltados para a juventude em parceria com os governos e agências visando fortalecer a participação social desse grupo dentro das ações públicas. E de buscar a perspectiva da juventude vivendo com HIV para construir estratégias de enfrentamento à juvenização da aids no Brasil. Para isso, podem servir de inspiração as boas práticas e os bons exemplos de outros países apresentados em Melbourne. 

No mais, não houve em Melbourne grandes anúncios e nenhum estudo inovador que nos permita conter a aids mas, sem sombra de dúvida, todas as pessoas que saíram dessa conferência, assim como eu, saem renovadas, cheias de esperanças e acreditando que estamos no caminho para encontrar a resposta que todos os participantes, sem exceção, buscam: a cura da aids

* Diego Callisto é integrante da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/Aids, do Fórum Consultivo de Juventude do Unaids e do Pacto Global para o Pós-2015.

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