9 de outubro de 2024
aids13

por Joao Marinho

aids13Passei uns dias refletindo sobre este artigo: http://news.yahoo.com/only-1-person-cured-hiv-study-suggests-why-180353604.html.

O que ele dá a entender, para mim, é que o HIV tem se mostrado mais resistente e difícil de combater do que se supunha – e que faz reservatórios muito profundos.

Até um tempo atrás, havia a chance de que 18 pessoas estariam, ao menos funcionalmente, curadas do HIV: o bebê que recebeu antirretrovirais (ARVs) muito precocemente, dois pacientes submetidos a um transplante de medula sem que os doadores tivessem a mutação do “paciente de Berlim” e mais 14 adultos que, como o bebê, também foram submetidos a ARVs muito precocemente; e o próprio paciente de Berlim, que recebeu a medula de um doador com uma mutação genética que torna os glóbulos brancos imunes ao vírus – uma doação extremamente rara.

Desses, o bebê e os dois transplantados já voltaram a registrar cargas virais e voltaram à medicação antirretroviral após a mesma ter sido retirada por falta de necessidade (suposta cura funcional). Diante disso, existe a expectativa de que, também entre os 14, esse “retorno do vírus” possa acontecer.

De concreto, essas “reaparições” do vírus estão mostrando que, uma vez no organismo, o HIV se multiplica profundamente e, mesmo com tratamentos mais agressivos, permanece seguro em oásis do corpo e volta a se multiplicar com elevação da carga viral depois de um tempo. O HIV, geneticamente, é um vírus muito simples, mas que muta com incrível rapidez, enganando o sistema imune e usando os mecanismos do próprio corpo a seu favor – e parece que ele é melhor nisso do que esperávamos.

A que isso nos leva?

De um lado positivo, mesmo quando há “falha” num tratamento, mais se aproxima de uma resposta eficaz: se uma abordagem “não dá certo”, então pode-se concentrar o poder de fogo em outra abordagem mais promissora, e, ao estudar o que “falhou”, saber mais sobre o comportamento do vírus e como combatê-lo.

De um lado negativo, significa que esse combate é difícil – e, assim, talvez tenhamos de manter a mente aberta para a possibilidade de que, pelas tecnologias atuais, realmente não seja possível curar o HIV no futuro a curto prazo, como muitos torcem.

O caso dessa pesquisa, eu entendo, vai nessa direção. Se nem com a radiação contra o câncer e perda de quase todo o sistema imune, eliminam-se todos os reservatórios do HIV, fica-se dependente ou da mutação genética ou do efeito “enxerto-hospedeiro”, em que as células estrangeiras do enxerto atacam as células originais da pessoa que o recebeu.

De um lado, isso nos leva a um contexto de que, provavelmente, o combate tenha de descer a níveis genéticos, da terapia genética mesmo – e, do outro lado, que isso demorará mais tempo do que se supunha.

Isso porque a humanidade ainda engatinha na manipulação genética envolvendo seres humanos, e resultados como o ataque de células estrangeiras a células originais são ainda muito perigosos e instáveis e podem levar a efeitos colaterais bastante indesejáveis, como um câncer, por exemplo.

Assim, pode ser que, para um futuro próximo, realmente não haja cura para o HIV.

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