16 de outubro de 2024
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Adolescente foi morto a golpes de faca e em seguida teve corpo carbonizado (Reprodução | Facebook)

Tatiana Lozano planejou crime e esfaqueou filho em casa, concluiu inquérito. Decisão também vale para padrasto e 2 jovens acusados de participação.

Gabriela Castilho
Publicado pelo portal G1, em 10 de fevereiro de 2017

Itaberli foi morto ao chegar em sua casa em Cravinhos no fim de dezembro (Foto: Reprodução / EPTV)

A Justiça decretou na quinta-feira (9) a prisão preventiva da mãe e do padrasto do jovem Itaberli Lozano, de 17 anos, achado morto em janeiro deste ano em Cravinhos (SP) e de dois jovens acusados de participação no crime, confirmou ao G1 o delegado responsável pelas investigações, Helton Testi Renz.

A Polícia Civil concluiu nas investigações que a gerente de supermercado Tatiana Lozano Pereira, de 32 anos, matou o próprio filho a facadas e contou com a participação de Victor Roberto da Silva, de 19 anos, e Miller da Silva Barissa, de 18, que foram contratados pela mãe para dar um “corretivo” em Itaberli e espancaram o adolescente na casa da família. Um exame revelou que havia marcas de sangue humano na residência.

Marido de Tatiana, o tratorista Alex Pereira, de 30 anos, retirou o corpo do imóvel e o levou até um canavial, onde foi incendiado, de acordo com Renz.

O G1 tentou entrar em contato com o advogado de defesa da mãe e do padrasto, mas não o localizou até a publicação desta reportagem.

Advogado de defesa dos dois jovens, Flávio Tiepolo informou que entrará com pedido de habeas corpus na próxima semana e argumenta que não há elementos que indiquem que os rapazes tenham cometido o homicídio. “Eles estiveram no local do crime, mas não participaram da execução”, alega.

Inquérito policial

Os pedidos de prisão preventiva foram encaminhados à Justiça na semana passada, quando a Polícia Civil concluiu o inquérito e indiciou a mãe e o padrasto do adolescente, além de Victor Roberto da Silva e Miller da Silva Barissa, por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

Com a decisão da Justiça, Tatiana, presa temporariamente desde 11 de janeiro, permanecerá na Penitenciária de Tremembé (SP) durante o andamento do processo penal.

Pereira, detido também desde o dia 11, Silva e Barissa – presos desde 13 de janeiro – serão transferidos da cadeia de Santa Rosa de Viterbo (SP) para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Serra Azul (SP).

“Eu não tenho nenhuma dúvida de que a vítima tinha um relacionamento muito conturbado com os familiares, sobretudo com a mãe, e que isso motivou o homicídio. A participação dos quatro maiores e da adolescente está comprovada. Todos estavam no local, todos participaram e devem responder por homicídio qualificado”, afirma o delegado.

Suspeita de apresentar Tatiana aos dois rapazes, uma estudante de 16 anos continua internada na Fundação Casa. De acordo com Renz, foi aberta uma sindicância para comprovar a participação direta dela no crime.

Em caso positivo, ela poderá responder por ato infracional equiparado a homicídio qualificado, permanecendo na Fundação até completar 21 anos.

“Dá nossa parte, o inquérito está concluído. A gente só aguarda agora os laudos da necropsia e do DNA, que a gente vai remeter junto ao processo, e a constituição do crime, que deverá ser feita no início de março”, afirma.

Imagem postada em rede social mostra Itaberli ao lado da mãe (Foto: Reprodução/Facebook)

O crime

O corpo de Itaberli Lozano, de 17 anos, foi encontrado carbonizado em um canavial em Cravinhos em 7 de janeiro. A família registrou um boletim de ocorrência relatando o desaparecimento do adolescente dois dias depois.

No dia 11 de janeiro, a mãe e o padrasto foram presos e confessaram o crime. Inicialmente, Tatiana disse que discutiu com o filho dentro de casa, o esfaqueou na madrugada de 29 de dezembro e, com a ajuda do marido, queimou o corpo no canavial.

Em um segundo depoimento, a mãe voltou atrás e contou que havia aliciado dois jovens para darem um “corretivo” no filho, mas sem a intenção de matá-lo. Tatiana disse que ligou para Itaberli, que estava na casa da avó paterna, alegando que queria se reconciliar.

Dois dias depois, a Polícia Civil prendeu dois jovens suspeitos de ajudar Tatiana a matar Itaberli. A gerente de compras entrou em contato com os rapazes através de uma estudante, de 16 anos, que afirmou em depoimento ao Ministério Público que a mãe do menino não suportava mais o convívio e queria dar um “corretivo” nele. A menor diz que viu a mãe esfaquear Itaberli.

Com a ajuda do padrasto, Tatiana, os jovens e a adolescente armaram uma emboscada para a vítima. Após uma briga com a mãe, o jovem se mudou para a casa da avó paterna. Com a desculpa de que queria fazer as pazes, Tatiana o chamou para voltar para casa, onde o trio estava escondido.

Os depoimentos divergem, sendo que ninguém afirma ter dado o golpe fatal no rapaz.
Poucos dias depois da identificação do corpo, um tio de Itaberli chegou a levantar a hipótese de que o homicídio teria sido motivado por homofobia.

O Ministério Público investiga a possibilidade após ter recebido cópias de uma postagem da vítima nas redes sociais dizendo que apanhou a mando da mãe por ser homossexual.

Itaberli Lozano foi encontrado morto em canavial na Rodovia José Fregonezi (Foto: Reprodução/Facebook)

 

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