Gésner Braga*
A solidão é fera, a solidão devora. Mas não a mim. Ela me corroeu até os 25 anos. Depois eu me acostumei a ela, em seguida passei a gostar dela e hoje é o meu projeto de vida. Porém, não sem ser a razão da perplexidade de muitos amigos.
O maior de todos os espantos diz respeito à minha decisão de abolir intimidades da minha vida, seja de vez ou em uma boa e expressiva medida. Chamam-me de louco e dizem que isso é impossível, não é natural, que até minhocas gostam de um chamego. Eu até diria que essas pessoas teriam razão caso eu retrocedesse mais de dois anos.
Pois bem, não vou dizer que perdi a libido, pois estaria mentindo. Mas aprendi a controlá-la e não me deixar ser dominado por ela. Sobretudo consegui superar carências afetivas, algo que já venho construindo há bastante tempo e que se consolidou agora. Podem me comparar a uma pedra que eu não me importo. Sou mesmo!
Uma outra constatação muito curiosa veio mais recentemente. Um amigo meu, em visita a São Paulo, conheceu um grupo de pessoas que defendem a assexualidade. Apresentou-me quatro conceitos básicos: assexuais arromânticos, assexuais românticos, demissexuais e Gray-A. Nem vou discorrer sobre eles, pois eu me dei conta de que não me enquadro em nenhuma dessas categorias. Ou seja, os rótulos não me cabem. Vibrei!
Observo que as críticas vêm, com frequência, de pessoas cuja ideia da solidão apavora. E é exatamente isso que me difere delas. Eu venero a solidão como se fosse uma religião para mim. Minha casa é meu templo e o silêncio do meu lugar me faz sentir a paz que preciso.
Ah, sim, paz! Quase esquecia de falar. Não vou dizer que todas as experiências que tive, afetivas ou meramente sexuais, foram decepcionantes. Mas uma parte considerável delas me trouxe algum grau de aborrecimento. Em alguns casos, tiraram-me mesmo do sério, tiraram a minha paz. Agora eu quero o resgate completo.
De resto, essa história de que é impossível ser feliz sozinho é balela de poetas e românticos. Não sou nenhuma coisa nem outra. Tudo isso é mera construção cultural que incute nas nossas cabeças a falsa impressão de que a nossa felicidade está irremediavelmente no outro ou com o outro. Não, este não sou eu. A minha felicidade está exclusivamente em mim e nas minhas ações.
Enfim, estou com 51 anos e já vivi histórias intensas e aproveitei bastante. Daqui em diante, eu quero viver a minha vida. Só minha.
* Gésner Braga é gay, ativista social, jornalista e mantem o site Clipping LGBT
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Pelo que eu leio, geralmente o envelhecimento dos gays, como que acarreta, um “compulsorio isolamento”. Tenho 57 anos e conhecendo um homem de 59 anos, viril, “se cuida” também e havia deixado de transar depois da menopausa da esposa (ela perdeu a libido)! Eu vinha me sentindo (mais) sexualizado no anus, com a Andropausa! Percebemos que poderiamos ter intimidades! No Restaurante, já aconteceu de nos beijarmos e o garcon pedir licença trazendo o almoço!