10 de dezembro de 2024
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(Foto: Revista Época)

Publicado por Amanda C., no BlogSouBi, em 21 de julho de 2015

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(Foto: Revista Época)

Thiago, como estão as coisas no colégio? Estão bem, respondeu a criança de 9 anos. Eu e minha esposa perguntamos se ele ou algum amigo sofriam algum tipo de preconceito. “Bullying?” Ele mesmo trouxe a palavra. “Não que eu saiba”.

Questionamos se ele conhecia os tipos de preconceito existentes. “Tem contra negros, contra gente mais balofa…”. E o que mais, sabe mais algum? “Humm, acho que não”.

E o que você acha de meninos que beijam meninos? “Ah, isso é errado. Deus criou o homem para ficar com a mulher. E também não pode beijar em público, na frente de criança, porque elas vão querer fazer igual e podem virar gays”.

Olhei surpreendida para a minha esposa e continuei a conversa. Onde você aprendeu isso, Thiago? “Na Igreja, com a minha mãe e a minha avó”.

Thiago, sabia que essas palavras também são uma forma de preconceito?  Infelizmente, a sua mãe, sua avó e a Igreja estão fazendo muitas pessoas chorarem. Quando duas pessoas se amam, não importa se são dois homens, duas mulheres ou um homem e uma mulher. “Ah, eu tinha esquecido disso, do amor. É verdade o que você tá dizendo. Os gays não estão fazendo nada de errado, né.”

Sorrimos com a conclusão de Thiago, mas com grande pesar. Sabemos que ele continuará a aprender e a reproduzir frases com doses de preconceito e ignorância. Ele não sabe que eu e minha mulher somos um casal. Para ele, somos amigas que moram juntas.

A nossa esperança é que, assim como nós, ele tenha acesso a boa literatura a respeito do tema para não integrar o time dos homofóbicos que pouco entendem sobre o assunto – ou simplesmente não tem a capacidade de enxergar o outro.

Há poucos meses, Thiago passou por um constrangimento desnecessário na escola. Um de seus amigos lhe deu um beijo inocente na boca, enquanto brincavam. Ao se deparar com a cena, as professoras saíram correndo e separaram os garotos. Repreenderam os dois, que ficaram sem entender o que acontecia, e em seguida chamaram os pais de ambos para uma conversa.

Felizmente, os pais criticaram a atitude da escola. Foi algo inocente e a reação dos educadores foi totalmente desnecessária. Os garotos não trocaram palavras por algumas semanas. Dentro de casa, Thiago também não fez qualquer menção sobre o amigo.

O assunto nunca mais foi trazido à tona e os amigos voltaram a se falar. Os pais, apesar de terem desaprovado a conduta da instituição de ensino, são os mesmos que ensinaram Thiago a acreditar que o amor entre duas pessoas do mesmo sexo é errado. São aqueles que dizem “respeitar”, mas não “aceitar”. São e foram reféns dos mesmos ensinamentos aprendidos por Thiago. Sofrem, em vão, por saber que há gays, lésbicas e bissexuais na família.

O livro O que a Bíblia realmente diz sobre a homossexualidade explicita o grave erro cometido por muitas instituições religiosas, mães, pais e pessoas por todo o mundo. Em sua nota introdutória, o autor destaca:

“Não há livro que eu ame mais, ou que tenha alterado minha vida de forma mais dramática, do que a Bíblia. Ainda assim, se não tivesse escapado da literalidade de minha educação cristã fundamentalista, não poderia fazer tal afirmação, pois há muito tempo eu teria rejeitado a Bíblia como um documento religioso antigo, irremediavelmente ignorante e preconceituoso, ou teria negado a realidade e me transformado em um fanático religioso de mentalidade estreita, usando as escrituras de maneira literal para justificar meus preconceitos. Uma Bíblia literal, em minha opinião, não admite outras opções. Em minha carreira sacerdotal e episcopal, tenho observado a Bíblia literal ser citada para justificar a segregação racial, para garantir a opressão sexista das mulheres pela igreja cristã e para perpetuar uma homofobia mortal em nossa vida social”

Segundo o autor Daniel A Helminiak, Ph.D em teologia sistemática pela Escola Teológica Andover Newton e pelo Boston College, a Bíblia não fornece qualquer base real para a condenação da homossexualidade.

O erro, de acordo com ele, está na forma pela qual ela é lida. Obviamente ele não é o único estudioso no assunto: há muita literatura a respeito que pode ser devorada por todos os interessados – e também por aqueles que deveriam se interessar. E depois de lê-las, não tenha dúvida, você terá um novo olhar para interpretar a Bíblia. Ou não deixará mais que a interpretem erroneamente.

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