25 de abril de 2024

Publicado no site Brasil Post, em 24 de setembro de 2014

casamento12No último fim de semana eu participei de um casamento gay – ou, como eu gosto de dizer, de um casamento.

Meu irmão de 36 anos se casou com seu parceiro durante uma cerimônia rápida mas bonita, com amigos próximos e parentes, no centro de Chicago.

Ao final da cerimônia, meu irmão e meu cunhado foram declarados marido e marido e trocaram um beijo antes de sair pela nave, entre sorrisos e lágrimas.

Nenhum raio atingiu o lugar. Não houve chamas espontâneas envolvendo o prédio. Nem casamentos hétero destruídos quando eles disseram “sim”. Isso inclui o meu.

Na verdade, se eu fosse solicitada a citar um impacto que essa cerimônia unissex teve sobre meu casamento tradicional, eu primeiro faria uma preleção sobre por que o termo “casamento tradicional” é ridículo e, segundo, revelaria que ser testemunha de um casamento homossexual na verdade reforçou meu próprio casamento.

Eu também encorajaria qualquer pessoa que atualmente se considere pertencente a um casamento tradicional a assistir a uma cerimônia de pessoas do mesmo sexo. Porque se há uma coisa em testemunhar um casamento que é ilegal em mais da metade dos estados americanos, pode lhe lembrar é que os casamentos são muito mais que diamantes, DJs e decoração.

Os casamentos marcam o início de uma união compartilhada — uma parceria para toda a vida entre duas pessoas que decidiram fazer promessas de parceria com a outra. Promessas que muitas vezes envolvem concordar em trabalhar sobre o casamento quando ele precisar ser trabalhado e lutar por ele quando for necessário.

E se eu tivesse de adivinhar que casais teriam maior probabilidade de trabalhar e lutar por seus casamentos, eu diria que são aqueles que já trabalharam duro e lutaram para tornar o casamento com seus parceiros uma possibilidade, em primeiro lugar.

No dia do meu casamento, eu me lembro de que corri freneticamente para garantir que todo detalhe fosse realizado conforme planejado. Todo mundo compreendeu o que tinha de fazer durante cada música na cerimônia? Todos os arranjos de mesa estariam prontos para a recepção? Os convidados ficariam satisfeitos com a comida e as bebidas?

Embora eu soubesse o tempo todo que o dia terminaria sem que todos os detalhes ocorressem exatamente como tínhamos planejado, eu me preocupava com alguns dos aspectos mais triviais do dia. Afinal, eu nunca havia experimentado não poder me casar legalmente com a pessoa que eu quisesse. Ficar nervosa sobre se a cor cinza usada nos programas de combinaria com o cinza usado nos cardápios das mesas parecia uma coisa legítima com que me preocupar.

Isto é, até que participei de um casamento que teria sido ilegal nesta mesma época no ano passado.

Perspectiva.

É por isso que é difícil para mim compreender discussões contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo que proclamam piamente que essas uniões destruiriam a santidade do casamento tradicional.

Então eu refresquei um pouco meu vocabulário:
Santidade – algo que é sagrado.
Sagrado – altamente reverenciado e respeitado.

O casamento é realmente sagrado. Mas se os defensores do casamento tradicional realmente se preocupam com a santidade, tirar o casamento daqueles que provavelmente o reverenciam mais – casais homossexuais como meu irmão e seu marido, cujas cerimônias são muito mais enfocadas na extrema gratidão por serem legalmente reconhecidos no casamento do que nos detalhes cosméticos do dia – não parece contradizer o que eles buscam?

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