5 de novembro de 2024
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É possível priorizar a agenda LGBT em um país cheio de problemas como o Brasil?

cartilhalgbt2014O questionamento mais frequente que ouvimos quando falamos sobre a Cartilha é que não se pode colocar nossa agenda acima dos interesses gerais do país. Seria uma visão egoísta e estreita eleger um governo incompetente ou corrupto só porque ele promove a cidadania de LGBTs. Para um adepto de determinado partido, por exemplo, é preferível ter seu candidato eleito, do que qualquer outro candidato vencer, ainda que isso signifique retrocesso para os LGBTs. É necessário ressaltar que se trata aqui de um falso dilema.

Primeiramente, o que propomos não é que os LGBTs fechem os olhos para todos os problemas do país e votem olhando apenas para o próprio umbigo, mas que percebam que a promoção dos Direitos Humanos de LGBTs deve ser usada como pré-requisito para a escolha de seu candidato. Eleitores LGBTs não podem votar em políticos que fecham os olhos à homotransfobia, da mesma forma que judeus não devem votar em neonazistas, nem negros devem votar em racistas. Aliás, o correto seria que ninguém votasse em nenhum político que seja promotor de qualquer tipo de preconceito, ódio ou discriminação.

Além disso, desenvolvimento e direitos humanos são faces de uma mesma moeda. Quanto maior o respeito à vida e à dignidade humanas, maior é o desenvolvimento e vice-versa. Não é por acaso que, em países onde os direitos humanos estão mal de forma geral, cresce a perseguição à comunidade LGBT. A Rússia, o Oriente Médio e a África, em meio a ataques à democracia e a conflitos étnicos e religiosos, vêm reprimindo, torturando e matando sistematicamente suas populações LGBTs.

O uso do discurso moralista e conservador serve para criar bodes expiatórios e cortinas de fumaça que não permitam à população preocupar-se com a corrupção e com a má gestão de governos antidemocráticos. Políticos e governos autoritários e corruptos manipulam a falta de informação e o medo das pessoas em relação àqueles que pensam e são diferentes, para chegarem ou manterem-se no poder, pois é mais difícil para nós nos revoltarmos contra um governo tirano, quando este é apoiado por forças que nos são sagradas. Quando um político coloca os Direitos Humanos acima de moralismos baratos, ele mostra uma forte evidência de ter retidão de caráter, na medida em que abre mão de um discurso fácil por um discurso verdadeiro, ainda que não tão popular.

Além disso, quando há desigualdade de direitos, com cidadãos que se colocam acima de seus compatriotas, o produto do desenvolvimento econômico é distribuído também de forma desigual. Não é por acaso que mulheres e negros tenham remuneração mais baixa do que homens e brancos no Brasil. Políticos que promovam a continuidade da opressão da Casa Grande (homens cis, heterossexuais, brancos, grandes capitalistas, de cultura judaico-cristã) sobre a Senzala (mulheres cis ou trans e homens trans, homossexuais, negros, índios, pobres e de outras confissões religiosas ou ateus) acabam promovendo a perpetuação do atraso no país, uma vez que a distribuição de direitos é a geradora da distribuição dos outros bens.

Por isso, a tendência é que políticos que sejam nossos aliados sejam mais bem preparados. De forma geral, são pessoas sensibilizadas com causas que dizem respeito a Direitos Humanos e ao Estado Laico e Democrático de Direito. Por outro lado, os políticos e partidos homotransfóbicos em geral são péssimos agentes políticos. Frequentemente, estão envolvidos em casos de corrupção e abuso do poder econômico, que usam o discurso moralista e religioso para esconder sua falta de propostas concretas para o país.

Por isso, afirmamos que os LGBTs, seus amigos e familiares não devem questionar-se se não seria egoísmo priorizar a agenda básica LGBT (igualdade de direitos, equiparação da homotransfobia ao racismo e desburocratização no reconhecimento das identidades trans) em um país com tantos problemas sociais, ambientais e com tantos desafios como o Brasil.

Na verdade, quando votamos e fazemos campanha por nossos candidatos aliados, fazemos um grande favor ao país ao retirar espaço dessa banda podre que vem crescendo no Congresso Nacional e afinal escolhemos candidatos mais bem preparados e genuinamente preocupados com o desenvolvimento do Brasil. Por meio do nosso voto, estaremos promovendo uma verdadeira e benéfica revolução política.

Assim, priorizar a agenda básica LGBT não é egoísmo nem generosidade, é pura e simples lucidez política.

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