Dessa garganta
tudo se canta.
E se a sentença
ao meu canto marginal
for o silêncio,
seguirei cantando muda
neste mundo
em que tudo muda,
toda muda brota
e a arte, mesmo imunda,
toca.
Se perguntarem o porquê
da minha arte,
direi que não sou parte,
nem estou à parte.
Sou a arte que dou!
E deixo que pensem,
que digam e que falem.
O velho samba me ensinou
que nem toda opinião vale a pena
de servir um sistema
morto, estéril, sem eira nem beira.
Parafraseando o poeta Dall’orto
se der bobeira
que me julguem em Marte!
Porque aqui na Terra
as suas leis
não julgam nossa arte!
Publicado originalmente na página Vale dos Alfarrábios