10 de dezembro de 2024
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CTG foi incendiado na madrugada desta quinta em Santana do Livramento
(Foto: Carlos Macedo / Agência RBS)

Chamas danificaram palco da estrutura em Santana do Livramento. Patrão do CTG já havia recebido ameaças de incêndio criminoso.

Publicado pelo portal G1, em 11 de setembro de 2014

O CTG (Centro de Tradições Gaúchas) Sentinelas do Planalto, de Santana do Livramento, que vai sediar o casamento comunitário em que um dos casais inscritos é homoafetivo, foi incendiado no início da madrugada desta quinta-feira (11) na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o fogo começou por volta de 0h30, e as chamas foram controladas cerca de três horas depois. A celebração do casamento está marcada para sábado (13), às 16h.

Ninguém ficou ferido, mas o incêndio atingiu a parte interna da estrutura, justamente o palco, onde acontecerá o evento. A suspeita é de que tenha sido um ato criminoso. A celebração não foi cancelada. Segundo a diretora do Foro de Livramento, juíza Carine Labres, o casamento coletivo será realizado na mesma data e, se possível, dentro do CTG. A perícia ainda vai apontar as condições da estrutura.

A decisão foi tomada após uma reunião entre a magistrada e a Brigada Militar. A juíza pediu, inclusive, apoio da comunidade da cidade para auxiliar em tempo recorde na reconstrução do galpão, danificado pelas chamas. A cerimônia está prevista para as 16h. São 28 casais heterosexuais e um homoafetivo. O outro casal gay que participaria do casamento desistiu.

A Polícia Civil de Santana do Livramento já abriu inquérito para investigar o incêndio. Segundo o delegado Eduardo Finn, que acompanhou o início das investigações, testemunhas relataram terem visto um carro com quatro ocupantes passando em frente ao galpão minutos antes do fogo começar.

“Agora vamos tentar localizar os suspeitos. Temos a descrição do veículo e informações de que seriam quatro ocupantes. Vamos tentar chegar ao proprietário do automóvel”, sintetizou Finn ao G1.

O patrão do CTG, Gilberto Gisler, conhecido como Xepa, que também é vereador e presidente da Câmara Municipal de Livramento, já havia informado anteriormente que estava recebendo ameaças. Chegou a anunciar reforço na segurança, o que não impediu o fogo. “Se colocarem fogo lá, vamos saber quem foi”, declarou ao G1 no fim de agosto.

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CTG foi atingido por incêndio em Livramento
(Foto: Rodrigo Machado/Arquivo pessoal)

Gisler mora em frente ao CTG. No entanto, diz não ter notado nenhum movimento incomum na rua. Ele relata que após uma janta no galpão, foi para casa e em seguida percebeu as chamas. “Fechei o CTG, liguei o alarme e fui pra casa. Não deu 5 minutos e soou o alarme”, descreveu.

O homem relatou que uma vizinha teria visto um carro branco com quatro homens pilchados – vestidos de bombacha, trafegando em frente ao CTG.

O patrão afirmou ainda que, se depender dele, a celebração vai acontecer. “Vamos fazer a cerimônia de qualquer jeito. Da nossa parte, a gente vai cumprir o que a gente se comprometeu. A gente não pode dar o braço a torcer e se entregar para um ato desses”, sustentou. Ainda não se sabe o que provocou as chamas.

O presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), Manoelito Savaris, diz que o local não é filiado ao MTG desde 2005. Ele foi desligado porque os integrantes da comunidade não seguiriam mais as regras do movimento.

“O MTG respeita o direito dos outros, das entidades. Mas não tem uma posição em relação ao fato, pois o CTG não é filiado ao MTG desde 2005. Caso isso acontecesse dentro de um CTG filiado, o Conselho do MTG, composto por 49 pessoas, iria se reunir para avaliar o assunto, a partir do Estatuto, Regulamento Geral, Código de Ética do MTG e Carta de Princípios”, declarou.

Também por meio de nota enviada à imprensa, a Secretaria da Justiça e dos Direitos Humanos do Rio Grande do Sul repudiou o que classificou como “atitude homofóbica de um pequeno grupo de pessoas”.  “Fica claro que a atitude configura-se em um crime de homofobia, pois havia um casal homossexual que participaria da cerimônia”, diz o texto assinado pela a secretária da pasta, Juçara Dutra Vieira e a coordenadora da Diversidade Sexual, Marina Reidel.

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