O 1º Enaht, realizado em São Paulo de 20 a 23 de fevereiro, possibilita troca de experiências e faz seu papel de gerar visibilidade
Por Ana Ribeiro, publicado pelo portal iGay, em 23 de fevereiro de 2015
Os transhomens que a gente conhece: Luc, o filho do Marcelo Tas, Stephen, filho de Warren Beatty e Annette Bening, Thammy, filho da Gretchen, Chaz, filho da Cher. Os que se movimentam para se fazer conhecer: todos os quase 400 que se increveram e os 150 que apareceram para o primeiro Enath (encontro nacional de homens trans), que aconteceu na USP de 20 a 23 de fevereiro.
Alguns deles as próprias famílias não conhecem. Outros elas não reconhecem. “Minha mãe sabe, mas não aceita”, disse um bem jovem, de mãos dadas com a namorada, que veio de Minas Gerais e não quis dizer seu nome e nem se deixou fotografar. Mas ele, mesmo sem mostrar seu rosto, quer o que todos querem: visibilidade. O nome todo do evento é exatamente 1º Enaht – da Invisibilidade à Luta.
Veio gente do Espírito Santo, do Distrito Federal, de Minas Gerais, do Paraná, do Rio Grande do Sul. Alguns são de São Paulo, e estes são os sortudos – aqui ao menos tem psicólogos e psiquiatras para atendê-los em consulta, e tem hormônio disponível nas farmácias. A compra depende de receita, vinculada a um laudo médico.
“Eu sei quem eu sou. Por que preciso que alguém confirme para mim quem eu sou para fazer a hormonização e a cirurgia (de retirada dos seios)?”, questiona Enzo Guerra, que se mudou do Ceará para São Paulo em dezembro. “O corpo é meu e eu só posso modificá-lo se tiver um laudo assinado por várias pessoas, psicólogo, psiquiatra, assistente social.”
SÃO PAULO, TERRA DOS HORMÔNIOS