Publicado pela Agência de Notícias da Aids, em 24 de maio de 2017
O ministro da Saúde, Ricardo Barros, anunciou, na manhã desta quarta-feira (24), a incorporação da PrEP (profilaxia pré-exposição) à política brasileira de combate à aids. O antirretroviral, cujo nome comercial é Truvada, combina duas drogas, o tenofovir e a emtricitabina, e é a base de uma nova linha de prevenção ao HIV. A estratégia envolve o uso diário do medicamento por pessoas que não têm o vírus e impede, em mais de 90% dos casos, a infecção pelo HIV.
Segundo o ministro, a droga estará disponível no SUS (Sistema Único de Saúde) em 180 dias e será indicada aos grupos que estão mais expostos ao risco de infecção, como profissionais do sexo, casais sorodiscordantes (quando um tem o vírus e o outro não), pessoas trans e homens que fazem sexo com homens.
O Brasil é o primeiro país da América Latina a utilizar essa estratégia de prevenção como política de saúde pública. O ministro Ricardo Barros afirmou que a Pasta já investiu U$ 1,9 milhão na compra de 2,5 milhões de comprimidos de Truvada. “Acreditamos que este lote dará para atender 7 mil pessoas que fazem parte das populações-chave em um ano.”
Hoje, no Brasil, o Truvada é aprovado somente para o tratamento da doença, por isso, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) fará uma mudança no registro para que ele possa ser usado na PrEP. A alteração será publicada na próxima segunda-feira (29), no Diário Oficial da União. Está previsto ainda a publicação do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para o uso da PrEP.
“A PrEP é mais uma alternativa contra o vírus da aids, mas é importante que as pessoas continuem usando a camisinha como forma de prevenção”, alertou o ministro.
A diretora do Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais, Adele Benzaken, disse que esse tipo de estratégia deve ser aliada a outras medidas preventivas. “Quem optar por adotá-la, por exemplo, deve ser aconselhado a continuar usando a camisinha, a fazer testes de HIV periodicamente e a tratar outras ISTs, que costumam deixar o paciente ainda mais vulnerável à infecção por HIV.”
Desde 2014, a profilaxia pré-exposição é recomendada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para pessoas em risco considerável de se infectarem com HIV e sua eficácia foi comprovada por quatro estudos clínicos. Um deles, o estudo internacional iPrEx (Iniciativa de Profilaxia Pré-exposição), do qual o Brasil também participou, concluiu que o uso diário de antirretroviral por homens saudáveis que fazem sexo com homens conseguiu prevenir novas infecções com eficácia que variou de 43% a 92%, dependendo da adesão ao medicamento.
A adoção da estratégia já vinha sendo estudada pelo Brasil, por meio de estudos financiados pelo Ministério da Saúde e realizados pela Faculdade de Medicina da USP, pelo Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).