29 de março de 2024

A pesquisa acompanhou a vida de 317 crianças ao longo de cinco anos, e o objetivo é continuar acompanhando até a vida adulta.

Por Victor Miller
Publicado no portal gay.blog.br, em 8 de maio de 2022

Um estudo publicado no jornal americano “Pediatrics”, no dia 4 de maio, concluiu que a maioria das crianças que se identificam como trans continuam se sentindo assim ao longo dos anos.

Para a pesquisa, foi observada a vida de 317 crianças com idade entre três e doze anos que já tinham feito uma transição social desde o ano de 2013 até o ano de 2017. Como o nome sugere, a “transição social” é quando a pessoa muda o nome, pronomes, estilo de roupa e cabelo para se adequar a sua identidade de gênero.

A conclusão é de que 94% das crianças trans continuaram se identificando como trans. Cerca de 3.5% passou a se identificar como não binário, enquanto o restante “destransicionou” e esses podem ser considerados cisgênero.

A autora da pesquisa, a professora de psicologia da Princeton University, Dra. Kristina Olson, disse a NBC News que o estudo é importante para mostrar que “o nosso entendimento sobre gênero está mudando”

“Isto é uma coisa interessante sobre estudos prospectivos, e de acompanhar por um longo período. Não é apenas o desenvolvimento deles por ficarem mais velhos ou por terem um senso ou não de suas identidade, mas também demonstra que nossa cultura está mudando. Nossas palavras estão mudando, nosso entendimento de gênero também está mudando”, disse Olson.

O estudo surge durante um grande debate nos estados dos EUA que querem limitar a juventude trans em terem acesso ao tratamento hormonal. Na Flórida, o departamento de saúde recomendou que “qualquer pessoa que tenha menos de 18 anos não deve ter acesso a bloqueadores de puberdade ou terapia hormonal”.

No Texas, o governador Greg Abbot ordenou que investigassem as famílias que dão suporte a crianças trans para identificar se há um “abuso infantil” caso eles façam a transição de gênero em uma idade tão precoce.

Já o Dr. Hussein Abul-Latif, um endocrinologista especializado em pediatria da Universidade do Alabama, comentou a ABC News que o estudo apenas reflete a própria experiência dele quando trabalha com crianças trans e suas famílias. Ele comenta um caso de um menino trans que começou um tratamento hormonal mesmo contra a vontade do pai, mas que este último mudou de ideia quando viu o quanto o filho ficou feliz.

“O pai compartilhou comigo que, no início, ele estava hesitante, mas quando viu que o filho dele estava muito feliz – estando mais aberto e comunicativo – ele também ficou feliz e concordou com a transição”, disse Abdul-Latif.

A Dr. Olson diz que o estudo continuará acompanhando as crianças pelos próximos vinte anos.

Victor Miller
Jornalista formado pela PUC do Rio de Janeiro, dedicou sua vida a falar sobre cultura nerd/geek. Gay desde que se entende por gente, sempre teve desejo de trabalhar com o público LGBT+ e crê que a informação é a a melhor arma contra qualquer tipo de “fobia”

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