
Filmado durante seis dias, primeiro videoclipe de Triz propõe reflexão sobre diversidade de gênero. “Elevação Mental” é um grito contundente por uma sociedade com mais empatia.
Por Xandra Stefanel
Publicado pelo portal Rede Brasil Atual, em 28 de julho de 2017
“Família, primeiramente, eu queria deixar bem claro que eu não estou aqui para representar o rap feminino, não, certo?! Muito menos o masculino. Eu estou aqui para representar o rap nacional. E eu peço que respeitem a minha identidade de gênero”. É com essa mensagem que Triz começa seu primeiro videoclipe – Elevação Mental –, que acaba de ser lançado em seu canal do YouTube. O filme é dirigido por Cesar Gananian, com produção musical de Pedro Santiago e direção de fotografia de Davi Valente e Camila Picolo.
Paulista de 18 anos, a/o rapper é transgênero não-binário ou neutro, que não se identifica com o gênero feminino nem com o masculino. Exatamente por sofrer na pele a discriminação, Triz apresenta uma letra potente e de levada forte. A música é um grito por respeito com a população LGBT+. “O preconceito não te leva a nada. Não seja mais um babaca de mente fechada porque o ódio mata, mas o amor sara. De qual lado ‘cê’ vai ficar?”, canta no refrão.
Com participação de várias pessoas transgênero, letra e vídeo fazem um apelo para que todos e todas sejam tradados com equidade, independentemente de orientação sexual, raça ou aparência. “Brasil, país que mais mata pessoas trans. Espero que a estatística não suba amanhã. Me diz, por que o jeito de alguém te incomoda? F*da-se se te incomoda, é o meu corpo, é minha história. E sobre a minha carne você não tem autoridade. Não seja mais um covarde de zero mentalidade. Seja inteligente, abra sua mente: o mundo é de todos, não seja prepotente. Seja gay, seja trans, negro ou oriental, coração que pulsa no peito é de igual pra igual”, rima.
Ao mesmo tempo que a letra de Elevação Mental é um tapa na cara do preconceito e dos preconceituosos, é também um pedido de paz. É isso que ela/ele pede em sua página do Facebook: “Compartilhem e espalhem a paz”.
A ideia do clipe nasceu quando o diretor Cesar Gananian viu um vídeo caseiro de Triz cantando a música. O filme foi gravado em seis dias em estúdio e várias locações, com uma equipe de 40 pessoas, drones e outros equipamentos usados geralmente em grandes produções cinematográficas. “Multiplicamos a imagem de Triz com uso de espelhos e projeções, criando assim um efeito que acredito revelar a infinitude de ‘eus’ que carregamos dentro de nós”, afirma o diretor.