10 de dezembro de 2024

https://scontent-gru1-1.xx.fbcdn.net/hphotos-xfa1/v/t1.0-9/12011206_966996590027182_2856439090080452125_n.jpg?oh=c24cae6d8624db5e9055ac4bc5eeb7ff&oe=56CF24C9

Selar teus rubros lábios
Com o calor dos meus
E o relicário está feito
Em mim guardas a fonte
Dos desejos inomináveis
E perde a chave
Que nos abre ao abismo
De ser o humano
Na consumação do outro

Eu me ofereço
Em ritual profano
Virgem destemida
A aplacar a fúria de meu deus
Está posta a mariposa
E a sina derradeira
Encontro de luz e chama

Morrer em ti
Sempre é o início da vida
Um combate de sangue
O gozo na ferida exposta
A carne que tremula
Ao frio metal da lâmina
Entronizando no peito
O louvor expiatório do sacrifício

Velar o teu calor
Como uma vestal incauta
O fogo que crepita
Incandescência lúbrica
Atiça feroz
A mácula iconoclasta

Perde-se a centelha da razão
Num banquete de muitos sentidos
Onde corpos se adoram
Corpos se devoram
Para alcançarem o Mistério
Na ceia de meu deus

Tales Pereira

(Em Escreviver)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *