20 de abril de 2024

Ariane contou que teme ter que enfrentar as ofensas novamente nesta segunda (Foto: reprodução/Facebook)

Alan Oliveira
Publicado pelo portal A Tarde, em 6 de março de 2016

http://atarde.uol.com.br/educacao/noticias/1750804-transexual-denuncia-caso-de-preconceito-na-prova-da-uneb
Ariane contou que teme ter que enfrentar as ofensas
novamente nesta segunda (Foto: reprodução/Facebook)

Uma mulher transexual, de 24 anos, disse que foi vítima de transfobia durante a primeira etapa do vestibular da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), realizada na manhã deste domingo, 6, no Colégio Polivalente do Cabula, em Salvador.

Ariane Senna, que é ativista e membro de alguns grupos que lutam contra o preconceito contra pessoas trans, entrou em contato com o Portal A TARDE para denunciar o caso. Ela afirmou que a discriminação começou logo ao chegar no local de realização da prova com o marido.  Ao entrar no banheiro feminino, uma funcionária saiu correndo e criou um tumulto ao afirmar que um homem estaria lá.

Quando saiu do local, Ariane não entendeu o motivo da confusão e questionou ao marido, que a explicou. Mesmo chateada, ela não falou nada e seguiu para a sala 1609, onde fez o exame.

No local, Ariane disse que foi constrangida novamente pelo fiscal responsável pela sala, que a chamou pelo nome de batismo no RG. Em determinado momento, a estudante pediu para ir ao banheiro e o homem a direcionou ao masculino. Mas ela se recusou e disse que usaria o feminino, pois é uma mulher. Contudo, foi impedida pelo fiscal: “o senhor tem o nome de homem e quer entrar no banheiro feminino?”.

Ariane procurou a coordenadoria, que chamou o fiscal para conversar. Em seguida, o coordenador afirmou ter sido um mal entendido, mas também a tratou como homem.

Ela pediu a troca de fiscal, o que, segundo ela, foi acatado. Com a mudança, Ariane finalizou a prova, mas teme passar pela mesma situação nessa segunda, quando será aplicado mais um exame da Uneb.

A reportagem entrou em contato com a assessoria da Uneb, que afirmou que vai apurar o fato, mas, até o momento, não se posicionou.

NOTA DO CLIPPING LGBT

Ao Clipping LGBT, Ariane Senna, apresentou o relato a seguir sobre as ocorrências no seu segundo dia do vestibular (7/3) que prestou à UNEB:

“Hoje pela manhã, fui com meu marido fazer a segunda etapa da prova e, chegando lá, fui chamada pelo coordenador (o mesmo ao qual me reportei ontem) para ir até a coordenação. Chegando lá, estavam me esperando Aline Batista, que se apresentou como advogada da UNEB, Benjamin Ramos, que se apresentou como chefe da Unidade de Desenvolvimento Organizacional, e professor Antonio José Batista, chefe de gabinete do reitor.

A advogada Aline me informou que fui chamada pelo fiscal com o nome civil porque eu não tinha preenchido o formulário de requerimento do nome social que a UNEB dispõe (requerimento este que não vi no ato de inscrição), mas informei a ela que, mesmo assim, isso não justifica, pois o problema foi muito maior do que chamar pelo nome civil e sim as atitudes do fiscal e das funcionárias que estavam no banheiro feminino.

Ressaltei que o fiscal se negou a me chamar como Ariane quando disse a ele como preferia ser chamada e a resistência que ele teve de me deixar usar o banheiro feminino. Argumentei para eles detalhadamente tudo o que aconteceu. Após a minha fala, os mesmos se desculparam pelo ocorrido e informaram que o fiscal foi afastado. Informaram também que a UNEB não tem preconceito algum com pessoas LGBTs e falaram das normativas que a Universidade tem para com as pessoas trans, para chamar pelo nome social

Concordei com eles que a UNEB tem esses princípios, mas que na prática as coisas podem fugir dos roteiros, principalmente quando se trata de terceirizar o serviço como esse que utilizou da consultoria Consultec. Sem mais, eles se desculparam mais uma vez e eu retornei a fazer a prova.”

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