24 de abril de 2024
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Tiago Minervino 
Publicado pelo site Vamos Contextualizar, em 5 de agosto de 2015

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Quinta-feira, 30 de julho de 2015. Em Jerusalém, capital de Israel, milhares de pessoas saíram às ruas fazendo frente na Parada do Orgulho Gay. Tudo corria bem, as pessoas se divertiam, até serem importunadas por um lunático religioso, portando uma arma branca, que avançou contra a multidão, deixando seis pessoas feridas. Dentre as vítimas, estava a adolescente Shira Banki, de 16 anos, que morreu três dias após o atentado.

O suspeito pelo crime é um judeu ultraortodoxo e reincidente nesse tipo de crime. Segundo a polícia de Israel, Yishai Schlissel já havia sido preso em 2005 após atentar contra a vida de outras três pessoas durante a Parada Gay daquele ano.

Shira é mais uma na extensa e incontável lista de vítimas fatais do fundamentalismo religioso. Em uma época onde pastores e sacerdotes pregam perseguição a movimentos libertários, em nome dos princípios da família tradicional, alegando, inclusive a existência de uma suposta ditadura “gayzista”, é fundamental questionar e dissertar acerca das falácias religiosas que há pelos menos dois mil anos já dizimou inúmeras vidas.

Religião é tido como algo Sagrado. O norte que guia milhões de pessoas, a luz no fim do túnel, à tábua de salvação. Nesse idioma, a Bíblia – livro que contém as profecias de Deus para seu povo – foi o objeto de manipulação ideal para alienar os fieis.

Em sua diáspora, o cristianismo ganhou maior força entre pobres, escravos e menos esclarecidos, pessoas carentes de palavras entusiastas.Curiosamente, tal religião só foi reconhecida pelos imperadores romanos quando esses se viram sem popularidade e utilizaram dessa crença para ganhar novos “seguidores”.

Após se tornar a religião Oficial de Roma, o latim se tornou a língua oficial do cristianismo; anteriormente era o hebraico. Os livros proféticos foram deturpados e escritos de acordo com os interesses do Império e todos aqueles que desobedecessem o clero era tido como pagão, não obstante cassados e aniquilados.

Esse foi só o início de um longo período histórico de soberania Cristã – que perdura até hoje – com desfechos bárbaros.

Na Idade Média, a Igreja Católica Apostólica Romana, por meio dos tribunais da Santa Inquisição enfiou goela abaixo seus preceitos, queimou em praças públicas aqueles que se opunham ao ortodoxismo cristão, aprisionou o pensamento humano, entre outras barbáries.

Respaldados em pretextos bíblicos, pessoas negras foram escravizadas. Na África e também na América, no período de colonização, a cultura do povo local, incluindo suas religiões, foram desrespeitadas por cristãos que “catequizaram” e “converteram” os nativos de acordo com seus dogmas, a fim de aprisioná-los por meio da fé.

Ou seja, a Bíblia – palavra de Deus – sempre foi erroneamente utilizada como objeto de tortura e manipulação dos povos. Pode isso, não pode aquilo. E se você está do lado torpe da situação, nós lhe matamos em nome de deus.

O lado obscuro da religião sempre foi sabiamente aproveitado por seus líderes religiosos, que enxergam nessa doutrina uma verdadeira mina de ouro. Não é por acaso que pastores evangélicos vivem disseminando o ódio, cobrando dízimos e comercializando produtos como “vassoura ungida”  e “perfume com cheiro de Jesus”, enquanto suas contas bancárias estão cada vez mais gordas, e a das suas “ovelhas” cada vez mais magras.

É questionável que a sociedade contemporânea se deixe moldar por um livro antigo, ultrapassado e escrito em um contexto que nada tem a ver com os dias atuais. É questionável que em pleno século XXI guerras ainda sejam travadas, e novas mortes aconteçam diariamente, tudo em nome de um suposto deus.

De certo, o problema não está em ter uma religião e sim no uso que se faz dela. Independentemente da crença de cada um, o livre arbítrio do outro deve ser garantido. Nada vem pela imposição, e o respeito é um direito universal garantido a todos, independente de fatores político-econômico-étnico-religioso.

É primordial que se mobilizem para que mais Shiras não sejam mortas (os) por bitolados e lunáticos que acham que sua verdade é única e absoluta. O maior líder dos católicos, Papa Francisco, pediu perdão pelos erros de seus antepassados. Que mais pessoas e que outros líderes das diversas religiões aprendam com o pontífice.

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