20 de abril de 2024

(Imagem: Senado Federal / Flickr)

Por Publicado em blog pessoal, no portal Yahoo! Brasil, em 29 de abril de 2015

(Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
(Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Li recentemente na imprensa esta expressão, ‘bancadas da bala, boi e Bíblia’ (BBBs), para designar na Câmara as frentes parlamentares da Segurança Pública (275 deputados), dos Ruralistas (198 deputados) e a Evangélica (74 deputados). Sob a batuta de Eduardo Cunha, ele próprio evangélico, os interesses dessas bancadas, que atuam muitas vezes em conjunto, se tornaram, senão hegemônicos, ao menos muito fortes.

Muito vai se ouvir falar nos próximos meses e anos da agenda das BBBs: redução da maioridade penal, flexibilização na proibição de porte de armas via a revogação do Estatuto do Desarmamento, Estatuto do Nascituro (que prevê benefício para feto fruto de estupro), o Estatuto da Família que a define como núcleo formado por homem e mulher, a transferência do Executivo para o Congresso da demarcação das terras indígenas (de interesse dos ruralistas), entre outros.

É uma agenda que tem uma chance alta de vingar, ao menos na Câmara, não apenas pelo número de deputados que a defende, mas porque são medidas que não envolvem gastos. Não mexem com o Orçamento em tempos de ajuste fiscal. E em uma conjuntura de retração econômica e de obras escassas, na qual os governantes terão pouco a apresentar, a agenda de forte conotação moral pode, além do mais, produzir a sensação para a população de que os políticos estão trabalhando, fazendo a sua parte.

As BBBs movimentam assuntos de forte apelo popular e nas redes sociais. Mexem com o cotidiano das pessoas, com suas vidas pessoais, inclusive. É, enfim, o que se chama a nova agenda conservadora no Brasil, ancorada nas ideias de Deus, Propriedade e Liberdade.

Eduardo Cunha não comanda na Câmara, como se disse no início da sua ascensão, o chamado “baixo clero”, mas, sim, articula uma agenda de âmbito nacional. Se de modo geral a eleição de Lula em 2002 jogou o pêndulo da política para a esquerda, agora parece claro que se faz o movimento contrário. Olhando desse ângulo a eleição de Dilma, que manteve o PT no Planalto, parece até um acidente de percurso. Ou sinal de que o Brasil quer mudanças, mas em termos, equilibrando, mesmo que precariamente, diferentes forças.

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