19 de abril de 2024

(Foto: Caio Lírio/Bahia Notícias)

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(Foto: Caio Lírio/Bahia Notícias)

Por Caio Lírio
Publicado pelo portal Bahia Notícias, em 16 de Julho de 2016

O movimento LGBT de Salvador esteve em peso na noite de sexta-feira (15), no bairro do Rio Vermelho, para gritar contra a onda de preconceito, além de manifestar indignação à violência que se tornou frequente no bairro boêmio da capital baiana, bem como em outras regiões do Estado. O ato, batizado de “Chega de LGBTFobia”, também veio como resposta ao ataque, na madrugada do último sábado (9), que culminou com a morte do estudante e promotor de eventos Leonardo Moura, 29 anos (saiba aqui). Ele foi espancado por ao menos dois homens na Rua da Paciência, após sair da boate San Sebastian.

Organizada pelo coletivo de abrangência nacional “Mães pela Diversidade”, a manifestação contou com a adesão de diversas entidades de apoio e representação a Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais. Empunhando velas, tambores e faixas, o grupo de quase três mil pessoas (segundo organizadores) marchou até a nova praça em frente ao Mercado do Peixe, onde bradou palavras de ordem, poesias e músicas, num ato solene e de protesto em memória às vítimas.

Segundo Inês Silva, coordenadora do grupo “Mães” no Estado da Bahia, a luta da entidade é para que a LGBTfobia seja equiparada ao crime de racismo. “A gente não teve filho pra virar estatística. O Leonardo foi o ápice. Não sabemos se foi homofobia, pois ainda está sendo investigado, mas todos os dias chega ao nosso conhecimento crimes e agressões à LGBTs, que muitas vezes são descaracterizados. É inaceitável que nossos filhos sofram e morram por causa do ódio das pessoas”, contou ao Bahia Notícias.

(Foto: Caio Lírio/Bahia Notícias)

Um dos organizadores da manifestação pelo Facebook, o psicólogo Gilmaro Nogueira enfatizou que ações, políticas públicas e, principalmente, a qualificação da polícia para lidar com crimes motivados por LGBTfobia precisam ser realizados no estado. “O sucesso desse dia foi que cada um tomou a manifestação como sua. Todas as organizações e entidades podem ser consideradas protagonistas desse protesto. Muitas pessoas estão com medo da violência, ela está chegando cada vez mais próxima e isso fez com que a gente acordasse. Nós precisamos cobrar a criação de um núcleo de atendimento a esse tipo de violência e que a polícia seja treinada. Eu já estou montando, junto com o ‘Mães pela Diversidade’, um grupo de psicólogos para dar apoio às famílias das vítimas. Também já estamos fazendo um trabalho gratuito para atender a comunidade LGBT”, explica.

Para o professor Rodolfo Carvalho a onda de violência é reflexo de uma sociedade heteronormativa, que segundo ele, é educada para ser machista, racista e homofóbica.”A partir do momento que você busca entender o que está ao seu redor e como a sociedade se transforma, você precisa assumir que você tem um papel importante nessa transformação. Eu faço parte do ‘Mães pela Diversidade’ como voluntário, embora eu não seja gay. Eu sou coberto de privilégios sociais por ser homem, hétero e branco, mas me sinto na obrigação, como ser humano, em participar e não me acomodar. Na verdade eu devo me incomodar com toda essa barbárie que está acontecendo em Salvador. É importante que a sociedade não permita que isso aconteça, porque são nossos irmãos, nossos filhos, nossos pais, nossas mães, que podem futuramente sofrer esse tipo de agressão”, conclui.

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