24 de abril de 2024
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Cena do vídeo contra a cultura do estupro
que foi excluído pelo Facebook

O cineasta Adriano Big, diretor do documentário “Para além dos seios”, divulgou um novo trailer do filme que está em cartaz no Cinema da UFBA, em Salvador. Desta vez, a intenção foi se somar às vozes contrárias à cultura do estupro, movimento que ganhou força em nível nacional após o estupro coletivo sofrido por uma adolescente de 16 anos, no Rio de Janeiro. Para sua surpresa, Big teve sua conta pessoal e o vídeo bloqueados pelos administradores do Facebook, onde foi veiculado.

A rede social justificou a exclusão do vídeo por conta da presença de cenas de nudez. Na verdade, são passagens de cinco segundos em que a câmera fecha em close nos seios das mulheres que apresentam seus depoimentos sobre violências sofridas ao longo da vida. Aliás, a ideia de fazer um novo trailer voltado a um tema tão apropriado para o momento casa-se perfeitamente com a proposta do documentário, que traz testemunhos de mulheres vítimas de violência sexual.

Curiosamente, a mesma rede social manteve uma publicação em que um dos seus usuários apresenta discurso intolerante e violento contra a notícia da mobilização do grupo Mães pela Diversidade na Bahia para instalação de um ambulatório transexualizador em Salvador, projeto essencial para a saúde, dignidade e sobrevivência de travestis e pessoas transexuais.

Em sua publicação, o sujeito que se identifica como “vereador” inverte valores e chama as mães e pais que apoiam o projeto de “preconceituosos e arrogantes”, bem como qualifica a ação como uma “insanidade”. Ao vomitar asneiras, ele afirma: “esses pais são uns merdas e acrescentaria doentes mentais, só provam que detestam os próprios filhos e aprovam que eles sejam escórias da sociedade. (…) Amanhã teremos escola para gays, casa para gays, pena que os pais pensam dessa forma, isso não é conquista é vergonha, vergonha de ter esses pais morando no Brasil, deveriam responder por crime. (…) Brigamos por democracia, não por merda boiando na privada”.

O que ele chama de “merda boiando na privada” é a luta legítima pela cidadania de pessoas cujo básico e constitucional direito à dignidade lhes é diuturnamente negado. A publicação foi denunciada por ativistas do movimento LGBT e por operadores do Direito. Uma dessas denúncias recebeu a seguinte resposta: “analisamos a publicação que você denunciou por apresentar discurso de ódio e descobrimos que não viola os nossos Padrões da Comunidade”.

Ao aceitar esse tipo de atitude reprovável, o Facebook valida e reforça o preconceito e a violência. Sem sombra de dúvidas, a rede social precisa mudar suas regras contra discursos de ódio, como já vem sendo noticiado. E urgentemente!

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O discurso intolerante que o Facebook mantém…
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…e alega não violar os seus padrões.

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