25 de abril de 2024

Marina Garcia
Lésbica, feminista e vegana
Publicado pelo portal HuffPost Brasil, em 29 de agosto de 2016

cassiaellerNa maior parte do tempo eu sou chamada de “moço”, “moleque”, “parça” e até “amigão”.

Mas eu não sou um homem.

Na maior parte do tempo usar o banheiro feminino sem receber olhares estranhos é um grande desafio.

Mas eu não sou um homem.

Se eu estou em um restaurante com a minha namorada o garçom se dirige a mim para entregar a conta.

Mas eu não sou um homem e eu não quero ser um homem.

Durante muito tempo eu ouvi que lésbicas que não se vestem de maneira feminina, estavam tentando ser homens. Eu ouvi isso da minha família, eu ouvi isso na rua e eu ouvi isso de outras lésbicas.

Eu comecei a me vestir assim porque parecia a maneira mais confortável de me portar, eu posso correr se estou com pressa sem me preocupar com a sapatilha que vai sair do meu pé. Eu posso secar o meu cabelo em menos de 5 minutos e eu posso me arrumar para ir a qualquer lugar rapidamente sem precisar lembrar que maquiagem existe.

Mas eu não posso (e eu nunca posso) ser uma mulher que ama outra mulher. A cada segundo isso é questionado.

Muitas vezes no meu dia a dia outras pessoas me veem e me tratam no masculino como se essa fosse a maneira correta, já que eu estou “tentando ser um homem”, não é mesmo?

Nesse mês da visibilidade lésbica, o meu grande desejo é que isso acabe.

Todas as vezes que me tratam no masculino mesmo sabendo que eu sou uma mulher, eu sou invisibilizada.

Todas as vezes que me tratam como o homem da relação, eu sou invisibilizada.

Todas as vezes que outros homens me tratam como “amigão” ou como se eu fosse um deles, eu sou invisibilizada.

Parece que lésbicas “caminhoneiras” não podem existir. Mas existem.

Eu existo, nós existimos.

Ser mulher não é um sentimento, um estado de espírito ou uma porção de estereótipos. Isso não está ligado a nossa roupa ou ao nosso corte de cabelo. Nós continuamos sendo mulheres.

E amamos outras mulheres.

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