23 de abril de 2024

Cena gravada nesta quinta-feira vai ao ar no capítulo desta segunda

Publicado pelo portal O Globo, em 27 de junho de 2014

RIO – E não é que o beijo entre Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Müller) aconteceu? Em cena prevista para o ar na segunda-feira, Marina compra uma aliança de presente para a namorada e mostra uma joia semelhante em seu dedo. Após o momento, super-romântico, as duas selam a união com um beijo. A cena, gravada ontem, foi dirigida por Adriano Melo e também com a presença de Maria Eduarda. Na ficção, sua personagem presencia o momento feliz entre as namoradas e fica irritada.

– A cena não teve nada de diferente do que qualquer outro dia de gravação. É uma relação entre duas mulheres e o beijo faz parte – diz Maria Eduarda. – A Vanessa fica indignada, mas, no fundo, está com ciúmes. Ela queria que o pedido estivesse sendo feito para ela.

O carinho entre Clara e Marina é o primeiro beijo gay feminino exibido no horário nobre da Globo. Novela anterior, “Amor à vida” entrou para a história por exibir o primeiro beijo gay masculino do horário nobre entre os personagens Niko (Thiago Fragoso) e Félix (Mateus Solano).

Reza a lenda que o primeiro da teledramaturgia foi entre Alda Alves e Geórgia Gomide em “A Calúnia”, teleteatro de 1963, na TV Tupi. Não há registros da cena. Em 1990, Raí Alves e Daniel Barcellos compartilharam um beijo discreto na minissérie “Mãe de santo”, da TV Manchete, em câmera lenta e na penumbra. Na TV Globo, foi em 1995, em “A próxima vítima”, de Silvio de Abreu, que surgiu um casal gay que deu o que falar: Jefferson (Lui Mendes) e Sandrinho (André Gonçalves). Mas o beijo nunca chegou a ser cogitado.

Três anos depois, o casal Rafaela (Christiane Torloni) e Leila (Silvia Pfeifer) em “Torre de Babel”, da Globo, também de Silvio de Abreu, foi rejeitado pelo público. Elas morreram numa explosão. Já em 2003, parecia que o espectador estava mais tolerante à relação das namoradas Clara (Alinne Moraes) e Rafaela (Paula Picarelli), em “Mulheres apaixonadas”, de Manoel Carlos. No final da trama, as duas deram um selinho, mas de mentira: elas estavam atuando no teatro. No ano seguinte, outro casal foi visto no ar: Jennifer (Bárbara Borges) e Eleonora (Mylla Christie), de “Senhora do destino”, de Aguinaldo Silva, dormiam na mesma cama, mas só.

Em 2005, “América”, de Glória Perez, o aspirante a estilista Junior (Bruno Gagliasso) e o peão Zeca (Erom Cordeiro) terminaram juntos e a cena do beijo chegou a ser gravada, mas a emissora decidiu não colocá-la no ar.

O canal teve ainda outros dois casos de beijos gays que foram gravados mas não foram exibidos: na série “Clandestinos” (2010), entre o ator Hugo (Hugo Leão) e o diretor Fábio (Fábio Henriquez), e na minissérie “Um só coração” (2004), protagonizado pelo próprio Mateus Solano.

Em 2011, o SBT enfim exibiu o primeiro beijo gay em novelas, em “Amor e revolução”. Na história, a advogada Marcela (Luciana Vendramini) se apaixona por Marina (Gisele Tigre), a dona de um jornal. Na TV por assinatura nacional, o beijo entre pessoas do mesmo sexo já não é novidade. Em realities shows e programas de entretenimento, homens e mulheres já haviam se beijado em vários canais abertos.

Na TV por assinatura nacional, o beijo entre pessoas do mesmo sexo já não é novidade. Em realities shows e programas de entretenimento, homens e mulheres já haviam se beijado em vários canais abertos.

Após a exibição do capítulo final, a Globo divulgou nota sobre o esperado beijo entre Niko e Félix.

– Toda cena de novela é consequência da história, responde a uma necessidade dramatúrgica e reflete o momento da sociedade. O beijo entre Felix e Niko selou uma relação que foi construída com muito carinho pelos dois personagens. Foi, portanto, o desdobramento dramatúrgico natural dessa trama. A pertinência desse desfecho foi construída com muita sensibilidade pelo autor, diretor e atores e assim foi percebida pelo público. É importante lembrar que o relacionamento homossexual sempre esteve presente nas nossas novelas e séries de maneira constante, responsável e natural. A cena esteve de acordo com essa premissa e com a relevância para a história.

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